HISTÓRIA DO TOMBAMENTO
No Brasil existem três níveis de proteção e preservação legais: municipal, estadual e nacional. A preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural é feita através de uma ferramenta chamada “tombamento”. Com o tombamento, o bem de interesse fica inscrito no livro tombo e passa a ser de interesse coletivo. Sua preservação fica garantida, pois é uma obrigação legal. O órgão máximo para preservação dos bens culturais do país é o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Com diversos acontecimentos que mudaram o rumo da história de Antônio Prado, um conjunto de antigas edificações permaneceu incólume por anos. Sendo que 48 delas, situadas nas principais ruas do centro da cidade, foram preservadas pelo tombamento decretado pelo governo federal no fim da década de 80. Com os quintais e anexos, essas casas configuram espaços onde vidas familiares transcorreram e são testemunhos valiosos de uma época. Fazem lembrar a fase inicial da ocupação do nordeste gaúcho e demonstram técnicas construtivas trazidas ou adaptadas pelos imigrantes.
IPHAN
A sede do IPHAN fica em Brasília, mas como Antonio Prado possui um volume expressivo de bens de interesse cultural nacional, o instituto possui na cidade um escritório técnico. O Instituto é responsável por diversas atividades, desde a documentação dos bens de valor cultural até a coordenação de programas para sua preservação.
Contatos -
Porto Alegre: (51) 3311.1188
Escritório Técnico: (54) 3293.2112
Preservação
A história do homem é bastante antiga, e observamos vestígios de sua presença em diversos lugares do planeta. Em cada lugar ou cidade os traços dessa presença são diferenciados no folclore, na arquitetura, na língua, na comida, nos usos e costumes, e as tornam únicas. Assim a cultura e a arquitetura são os elementos principais na configuração da identidade dos lugares. Por isso, a preservação da cultura local e da arquitetura histórica é tão importante, sem elas seríamos pessoas sem referências, sem identidade cultural.
A palavra patrimônio significa os bens que alguém ou uma instituição possuem. Seu conceito é bastante antigo, de origem romana, e possui uma função legal, referente à propriedade. No entanto o termo “patrimônio cultural” possui um significado mais complexo e mais amplo, que inclui a herança coletiva, a cultura de uma sociedade. O patrimônio cultural pode ser de uma comunidade, de um estado, do país ou da humanidade.
GEMELLAGIO -Tratados de cidades irmãs (gemellaggi)
No dia 13 de agosto de 2013, aconteceu a assinatura dos tratados de cidades irmãs (gemellaggi) entre Antônio Prado, Rotzo-Província di Vicenza e Cavaion Veronese - Província di Verona, Itália. Os tratados foram realizados pela Prefeitura de Antônio Prado, juntamente com o Círculo Cultural ítalo-brasileiro de Antônio Prado.
O gemellaggio consiste na união de cidades entre Brasil e Itália, proclamando-as cidades irmãs, tendo por objetivo manter laços permanentes que permitam intercâmbios em diversas áreas, aprofundando sentimentos de fraternidade e amizade entre as cidades e nações.
A cidade de Rotzo está ligada diretamente com a imigração italiana para Antônio Prado, onde dezenas de famílias de origem cimbra partiram de Rotzo, província de Vicenza, com destino ao Brasil, muitos deles se instalando em Antônio Prado. A comunidade de São Roque se destaca por abrigar inúmeros descendentes de famílias cimbras oriundas de Rotzo como: Tondello, Martello, Slaviero, Costa, Dalla Costa, entre outras.
A cidade de Cavaion Veronese, província de Verona, tem outra história particular com a cidade de Antônio Prado: foi em Cavaion Veronese que em 1829 nasceu Alexandre Pellegrini, e lá foi ordenado padre em 1854. Pellegrini veio para o Brasil em 1883, e em 1888 foi designado para atender a cidade de Antônio Prado, onde rezou a primeira missa no barracão dos imigrantes, ocasião em que proferiu as históricas palavras: homens livres do orbe! Eis aqui a terra de promissão. Só com os braços conquistarão o pão e a liberdade!
Na mesma ocasião, aconteceu a cerimônia de inauguração do monumento Leão de São Marcos – projeto Leoni Nelle Piazze.
Leoni Nelle Piazze
O projeto "Leoni Nelle Piazza" (leões nas praças) das cidades históricos do Rio Grande do Sul foi coordenado pelo consultor Cesar Augusto Prezzi, nomeado pelo governo do Vêneto para estabelecer relações de intercâmbio entre Vêneto e o Rio Grande do Sul. O objetivo foi valorizar e homenagear a presença de descendentes vênetos no Rio Grande do Sul.
O Leão de São Marcos, também conhecido por leão alado, é um símbolo que sintetiza um percurso de história de mais de um século e um sonho de 138 anos das comunidades brasileiras que possuem gemellaggi.
As cinco cidades que receberam o leão foram Antônio Prado, Flores da cunha, Ilópolis, Santa Tereza e Sobradinho.
Foi muito significativa e fundamental a colaboração da Associação Veronesi Nel Mondo, que reconheceu no escultor Enrico Pasquale a disponibilidade e o desejo de perpetuar no Brasil as suas obras de arte, através do símbolo máximo dos vênetos no Mundo. Pasquale lembra que os cinco leões esculpidos em pedra de Vicenza são a sua interpretação e esculpidos praticamente nas mesmas dimensões do leão da praça de São Marcos, em Veneza.
O arquiteto Vlademir Roman realizou estudos no Vêneto e projetou as colunas nas praças das comunidades. Dedicou-se ao projeto e acompanhou as obras nos cinco municípios escolhidos para receber os leões.
A entrega do Leão Alado do Consiglio Regionale del Vêneto foi feita pelo consultor do Comvers, Cesar Augusto Prezzi, para o prefeito Nilson Camatti e o embaixador da Italia, Rafaelle Trombetta.
A HISTÓRIA
Il LEONE DI SAN MARCO é um símbolo antigo com testemunhos arqueológicos sobretudo na Asia Menor, principalmente dos Assirios e populações contíguas. É uma marca de uma civilização, dos povos vênetos e de um território; símbolo de paz, convivência civil e de tradições cristãs. Universalmente conhecido, une de maneira transversal pois pertence desde os primórdios da civilização, muito acima de qualquer ideologia ou manifestação política. Também os vênetos antigos possuem uma documentada iconografia de leões alados, representados em estátuas, escudos e cinturões, antes mesmo do século V antes de Cristo.
É com a tradição Cristã que o Leão Alado passa a ser identificado com Marcos o Evangelista, tornando-se o Leão de São Marcos. Com Santo Irineo no século II foram atribuídos os símbolos aos quatro evangelistas: A águia a São João, o boi a São Lucas e o anjo a São Mateus. Narra a tradição que o evangelista Marcos, partindo de Aquileia e naufragando na laguna Vêneta, tivesse recebido uma profecia de um anjo com semblante de Leão “Pax tibi Marce, evangelista meus. Hic requiescet corpus tuum”: Paz a ti Marcos, meu evangelista. Aqui repousará o teu corpo. A profecia realizou-se no ano de 828 quando o corpo foi transportado de Alessandria, tomada pelos islâmicos, para Veneza.
A representação de São Marcos em forma de leão alado possui um preciso significado na iconografia cristã. Simboliza a força da palavra do evangelista, as suas asas representam a elevação espiritual e a auréola é o símbolo cristão da santidade. São Marcos transformou-se em protetor e símbolo da Republica Vêneta que delegava poder ao DOGE, seu substituto. A identificação entre o Estado Vêneto e São Marcos foi fortalecida nos séculos seguintes com a difusão dos símbolos nas portas das cidades, nas praças, nos atos de Estado, nas moedas, nas frotas e no exército. Este processo iniciou mais fortemente no século XIII, difundido amplamente no Renascimento até a queda da República em 1797. Continua a ser utilizado espontaneamente como o principal símbolo de Veneza e dos vênetos.